A dor da perda de um filho

18/04/2020 Quando pensamos na dor do luto e da perda, ainda temos muitas coisas que vem como senso comum, daquilo que deve ou não ser sentido, do que é normal e aceito pela sociedade, daquilo que é esperado.
Antes de começar, é importante termos em mente que CADA PESSOA É ÚNICA, e, por isso, sua dor também será única.

Quando converso com pais que passaram por uma experiência tão sofrida quanto a perda de um filho, mesmo sem nunca ter passado por isso, consigo ser empática à tamanho sofrimento e dor. Percebo que de maneira geral a sociedade pode fazer isso, e, apesar de todos os apesares, essa é uma dor que pode ser vista e aceita pelas pessoas ao redor.

Muitas pessoas relatam tal sofrimento como se estivessem tirando uma parte física do próprio corpo, sem anestesia, da maneira mais sofrida possível, deixando um vazio em seu lugar. 

Por ser tão singular e subjetiva, até mesmo dentro de uma mesma família, que perdeu a mesma pessoa querida, isso será demonstrado de maneiras muito diferentes.

Tem alguns recados que penso serem importantes para os pais que passam por isso nesse momento (ainda que alguns deles sejam bem óbvios, é importante terem em mente):

 •   Um filho SEMPRE será um filho.
 •   Um filho NUNCA será SUBSTITUIDO por outro.
 •   Uma dor da perda NÃO PODE SER SUPRIDA pelo outro filho.
 •   Está TUDO BEM você sofrer e sentir a perda do seu filho!
 •   Você NÃO PRECISA ELABORAR O LUTO em um tempo pré definido, você perdeu um filho, não pegou uma gripe! LUTO NÃO É DOENCA!
 •   Vai doer muito, uma dor que talvez nunca passe, mas, ainda assim, com todo o suporte possível, ela vai diminuir e você vai sobreviver.
 •   Se você se sentir sozinho e perdido, lembre-se de que existem possibilidades de suporte, não só a terapia, mas também grupos de apoio. (Alguns deles podem contemplar sua dor e sofrimento)
 •   Muitas vezes, falar sobre a morte do seu filho(a), pode lhe proporcionar grande alívio.
 •   Talvez você não consiga falar com as pessoas da sua família, e está tudo bem, é realmente muito difícil pensar que tudo isso é real.
 •   Conversar com pessoas de fora do seu ciclo familiar que passaram pela mesma experiência pode ser benéfico.
 •   Se desejar, você pode guardar objetos do seu filho como recordação da pessoa especial que ele foi.
 •   Em alguns momentos você pode se sentir sozinho e incompreendido, e isso faz parte do processo do luto.
 •   A mãe e o pai podem elaborar de maneira diferente, um pode precisar conversar e o outro pode não conseguir ouvir. É importante que o casal esteja alinhado quanto o que é necessário para cada um e que tente ser flexível para acolher o sofrimento do outro.

Em nenhum momento eu ressaltei a idade dos filho, motivo e condições em que a morte aconteceu, pois esse filho sendo recém nascido ou adulto, seguirá sendo filho para os pais, e é isso que importa neste momento, a compreensão de que a dor de um pai que perdeu o filho, é real, e deve ser cuidada independente do acontecido.
 
Muita coisa muda nesse processo, é uma nova rotina, com novas experiências, claramente nada que desejemos passar.
Crises de choro, insônia, mudanças nos hábitos alimentares, dificuldades de concentração, entre outras reações físicas, são normais e esperadas. Com o tempo elas irão diminuir... 

Em alguns casos especiais, pode ser que essa dor não diminua, que após um ano, dois, três anos da perda a dor siga sendo exatamente igual ao momento que você recebeu a notícia, e uma dor como essa nos impede de viver e dar seguimento em nossa vida, esse é um momento em que podemos pensar em estratégias para cuidar de tamanho sofrimento.

Além disso, você pode desejar ter alguém neutro, que possa acolher e cuidar do seu sofrimento.

Temos profissionais capacitados para acolher e prestar assistência para os Enlutados, eu sou somente uma dessas profissionais.

Sou Co-fundadora do Insituto Sentir Campinas, pioneiro na cidade de Campinas, no cuidado e assistência à pacientes enlutados. 

Me coloco à disposição,

Forte abraço, 

Psicóloga Giovana Zaparoli. 

 
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