O ABRAÇO NOSSO DE CADA DIA...

24/06/2020 Hoje me peguei a pensar sobre o que eu gostaria de escrever aqui na nossa página, e me coloquei em uma reflexão referente a mais difícil mudança que tive nos últimos tempos, definitivamente, para mim, a maior dificuldade não está no uso das máscaras ou da higienização, mas da necessidade de não abraçar, como esse sendo um grande movimento de cuidado...

Me peguei pensando no quanto sou uma pessoa dos abraços, abraço a família e os amigos, um abraço quando um paciente chega, outro quando vai embora... Abraços pra acolher sofrimentos, ou até mesmo para comemorar vitórias, mas sempre o abraço...

Acho importante refletirmos sobre esse movimento, que está nas nossas vidas desde sempre, desde aquele ninar acolhedor da mãe com o filho, nas nossas infâncias quando nos pegamos a chorar e os adultos nos acolhem em seus braços no ato de cuidar e proteger, nas relações amorosas, enfim... Esse movimento tão significativo de juntar dois corações, em diferentes vibrações, com o intuito de partilhar o amor, o carinho, o cuidado, o suporte...

Nesse momento, o movimento foi alterado, já não podemos acolher e cuidar dessa forma, podemos ir ainda mais longe, nem os apertos de mão podemos dar. E isso é cuidado.

Mas o que colocamos nesse imenso vazio que ficou no lugar do abraço fraterno e caloroso?

As presenças se tornaram virtuais, a escuta se tornou o nosso tão caloroso abraço, nosso olhar, agora é a única forma que temos para afagar o sofrimento alheio...

Com as bocas tampadas, o nosso sorriso só pode ser visto pela mudança nos nossos olhos, sorte a minha de não precisar de todos os equipamentos de proteção, isso tornaria tudo ainda mais difícil...

Mas o que fazer com esse monte de barreiras que se encontra entre nós?

Esse vazio e solidão tem acompanhado as pessoas nos seus dias a dias, esse tem sido um dos grandes pontos discutidos nas terapias. E o que fazer para acolher isso?

Nos afastarmos hoje, para estarmos mais próximos amanhã. Que difícil.

Tenho percebido que o movimento de escutar - veja bem, não ouvir, ESCUTAR, estando ali, presente, forte, ativo - é o que está ao nosso alcance nesse momento, e é isso que tem trazido todo o amor, o cuidado e a paz que o nosso abraço nos passa de imediato.

Então, proponho como atividade pra vocês, que se propuseram a ouvir essa minha grande reflexão e auto percepção sobre o abraço, a estar presente e abraçar as pessoas ao seu redor com os ouvidos.

Escute o que elas tem a compartilhar, se apoiem na escuta delas. Você não está só, e pode ajudar as pessoas ao seu redor neste movimento.

Quando menos esperarmos, já poderemos estar juntos e nos abraçando novamente.

Aceitam o desafio?

Um forte abraço virtual! 🤗

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Giovana Zaparoli de Oliveira
Psicóloga Clínica, Hospitalar e Psico-Oncologista
CRP 06/130331
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